Muitas vezes nos deparamos com pessoas que acreditam
não haver mais conflitos étnico-raciais, ou seja, situações de preconceito
racial. Algumas utilizam-se de argumentos biológicos para afirmar que não
existem raças, afinal de contas somos todos pertencentes a uma única raça, a
humana. Tal afirmação seria facilmente derrubada com as perguntas: de onde surgiu
o termo racismo? Seria um sonho desvairado e alucinado de alguma pessoa com
demência? Quem inventou está expressão o fez em cima de algo que impensável,
inexistente? Certamente que não. Este termo surgiu de inúmeras situações
problemas, vivenciadas por pessoas que ousaram bradar para a sociedade tais aberrações.
Nelson Mandela, Martin Luther King, Cora Coralina, Milton de Almeida Santos,
Abdias do Nascimento, Oliveira Silveira, Bezerra da Silva, Fundo de Quintal e
tantos outros que ficaram no anonimato dentro e fora do nosso país.
No dia 8 de junho do corrente ano o STF decidiu que é
constitucional a aplicação de cotas raciais em concursos públicos em nosso
país, validando uma lei de 2014 que obriga órgãos públicos federais a
reservarem 20% das vagas para pessoas negras (Correio do Povo, 09/06/2017 p. 5)
Na mesma reportagem versa sobre a manifestação do ministro Luís Roberto Barroso
que se desculpou por ter chamado o ex-ministro Joaquim Barbosa de “negro de
primeira linha”, afirmado ter tido outra intenção, porem ter sido infeliz no
modo de sua manifestação. Nos apartes da colunista Taline Oppitz na mesma
página, a mesma diz, “o racismo no Brasil, infelizmente, segue sendo praticado
em uma de suas piores formas, a velada, escondido sob o discurso de igualdade”.
Isto dito, tornasse suficiente argumento para a necessidade de cursos,
oficinas, palestras com especialistas sobre a temática afro-brasileira.
Pautar
esta problemática nos mais variados espaços sociais é fundamental para aqueles
que realmente desejam a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O
preconceito não existe apenas na cabeça dos que o praticam, mais no sentimento
de tristeza e depressão daquelas do qual foram vítimas.
Nosso foco, pautar, sensibilizar as pessoas para a
possibilidade de um novo olhar e o reconhecimento das pessoas negras, como
pessoas portadoras de direitos.