A morte de Winnie Madikizela-Mandela foi anunciada
pela sua assistente pessoal, Zodwa Zwane. A ativista anti-apartheid, casada com
o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela durante 38 anos, Winnie tinha 81
anos.
Nascida a 26 de setembro de 1936 em Bizana, na
província do Cabo Oriental, Winnie começou a interessar-se pela política muito
jovem, quando trabalhava como assistente social num hospital. Aos 22 anos,
chamou a atenção de Nelson Mandela quando este a viu numa paragem de autocarro
no Soweto. O romance começou quase se imediato e o casamento surgiu um ano
depois.
O casal dedicou todas as suas forças à luta contra
o apartheid, com a relação a sofrer as consequências desse empenho. "Eu
estava casada com o ANC. Foi o melhor casamento que tive", diria, anos
mais tarde.
Durante os 27 anos de detenção de Mandela, 18 dos
quais na Robben Island, Winnie foi no entanto uma defensora incansável da sua
libertação. Após a libertação de Mandela - ficou famosa a sua imagem de punho
erguido ao lado do marido quando este saiu da prisão -, a sua defesa de métodos
controversos e a sua ideologia disposta a sacrificar as leis entrou em choque
com o discurso de união e reconciliação do marido e o casamento acabou em 1996,
apesar de já estarem separados há quatro anos. Também o apreço que muitos na
África do Sul e no mundo foi abalado.
Para Winnie Madikizela-Mandela, o fim do apartheid
marcou o início dos seus problemas com a justiça que a mantiveram sob as luzes
da ribalta, geralmente pelas piores razões.
Acusada de instigar à morte do ativista Stompie
Seipei, encontrado degolado junto à sua casa no Soweto, foi condenada em 1991
pelo rapto e espancamento do rapaz de 14 anos, suspeito de ser um informador. A
sua pena de seis anos de prisão foi reduzida e acabou por ter apenas de pagar
uma multa.
Nos últimos anos, a sua relação com o ANC
degradou-se. Chegava tarde aos comícios, criticava os companheiros e começou a
ser vista como problemática. Em choque com Jacob Zuma, tornou-se apoiante do
ex-líder da juventude do ANC Julius Malema e do seu partido radical de
esquerda, o Combatentes da Liberdade Económica (EFF), cujos deputados costumam
aparecer no Parlamento da África do Sul vestidos de fato-macaco vermelho e
capacete de mineiro na cabeça.
África do Sul, 02 de abril de 2018
Helena Tecedeiro
Fonte: https://www.dn.pt/mundo/interior/morreu-a-ativista-anti-apartheid-winnie-mandela-9228825.html