sábado, 21 de março de 2015

Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial

21 de março – Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial
- Um novo olhar para velhas questões sociais –

            Muito se tem caminhado na direção de um mundo mais justo e solidário, mas ainda há muito a se avançar no sentido de se colocar, em prática, formas de tratamento socialmente iguais e, bem como direitos às pessoas. Falar em discriminação racial não é algo novo, já que desde 1948, com o estabelecimento da Declaração Universal dos Direitos do Homem - e aqui cabe um parêntese, pois em 1948, a sociedade mundial começava a tratar sobre os direitos humanos, ainda que em uma perspectiva machista, conceituando o humano apenas na condição masculina, que felizmente agora já superamos -, pelas Nações Unidas em Paris. Entretanto, passados 63 anos, ainda se faz necessário um esforço mundial para a compreensão e reconhecimento da diversidade como algo a ser respeitado. Neste sentido, nosso olhar é que deve ser novo com relação a esse tema, tão utilizado por interesses de promoção pessoal que acaba por perder sua legitimidade como expressão de liberdade de pessoas em situação de opressão. É preciso observar essa questão sem o viés da paternidade, mas com o sentido de ação conjunta de toda a sociedade na promoção da harmonia e da convivência digna., capaz solidificar uma sociedade do bem estar social.
            Nesse contexto, a discriminação racial consiste num processo sócio histórico, construída por interesses ideológicos relacionados ao poder de dominação de alguns grupos sociais sobre outros oprimidos. Interessante atentar que a cultura e os costumes sociais da classe dominante acabaram por naturalizar tal processo, outorgando ao negro a posição de inferioridade consentida, ainda que, não raras vezes, de forma velada, em virtude da construção de uma crença associada ao estereótipo pejorativo da raça negra.
            Por outro lado, o movimento negro organizado motivou o avanço dos estudos na área de direitos humanos, fazendo emergir o debate público sobre esse antigo tema, ainda, no entanto, não vivenciado plenamente pela sociedade. É necessário demarcar que a conotação de discriminação em relação à raça já consta como crime estabelecido por lei, e que, não apenas por isso, deve-se investir em ações que exercitem a convivência com as diferenças entre as pessoas, como aspecto a prevenir conflitos, na lógica do direito e não do favor consentido.
            Urge que a sociedade se posicione numa postura de empoderamento social aos afrodescendentes, que em relação a si mesmos ainda não se reconhecem como agentes de transformação, autonomia e dignidade. Como bem aponta Rosa Luxemburgo, lutemos “por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres.”
 
Caroline Lima Silva
Psicóloga, Mestre em Psicologia – UFRGS
Pós-graduanda em Gestão Social: Políticas Públicas, Redes e Defesa de Direitos

Gilson Luiz dos Anjos
Educador/Historiador/ Militante Social das Questões da Negritude e

Mestre em Educação - UFRGS

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