Ola amigos, crio este Blog para compartilhar minhas andanças; receber suas contribuições; refletir sobre assuntos gerais, especialmente as referentes a negritude.
sexta-feira, 30 de maio de 2014
quinta-feira, 29 de maio de 2014
Amigos(as)
Nesta semana estou muito cansado as atividades escolares, somado a administração de um obra em casa e saúde de familiar, tenho tomado todas minhas forças. Mesmo este Blog que tem servido como estimulante a escrita não tem recebido a devida atenção. Espero recuperar logo minhas forças, mesmo sabendo que tenho pela frente mais uma semana turbulenta com muitos compromissos. Mas esta é a vida de quem ainda não desistiu da busca de uma melhor qualidade de vida nesta tão tumultuada sociedade brasileira.
Nesta semana estou muito cansado as atividades escolares, somado a administração de um obra em casa e saúde de familiar, tenho tomado todas minhas forças. Mesmo este Blog que tem servido como estimulante a escrita não tem recebido a devida atenção. Espero recuperar logo minhas forças, mesmo sabendo que tenho pela frente mais uma semana turbulenta com muitos compromissos. Mas esta é a vida de quem ainda não desistiu da busca de uma melhor qualidade de vida nesta tão tumultuada sociedade brasileira.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
domingo, 25 de maio de 2014
Canto Das Três Raças
Clara
Nunes
Ninguém
ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um
lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Negro
entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora
a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E
de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
ô,
ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô,
ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
E
ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse
canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor
sexta-feira, 23 de maio de 2014
A luta por reconhecimento exige dedicação a preparação às batalhas que a vida nos impõe. Neste momento estou em meio as minhas quarenta horas semanais distribuídas em três escolas estaduais de ensino básico (fundamental e médio) e a administração de uma obra de melhoria de minhas condições de moradia, tentando construir paralelamente um anti projeto de doutoramento. Alguns de vocês devem estar imaginando que não estou levando a sério nenhuma das minhas atividades e objetivos atuais. e lhes digo que levo muito a sério todas elas, pois fazem parte do meu mundo cotidiano, ou seja, dar conta das atividades profissionais, necessidades familiares e buscar a qualificação para novos níveis de enfrentamento(não é um game, entretanto se assemelha na perspectiva de que devemos vencer as etapas darwinianas para "evoluir" no contexto das disputas que se estabelecem no campo da educação e da vida em geral. Compartilho este sentimento que sei não ser exclusivo como forma de encontrar apoio e estimulo a esta caminhada.
quarta-feira, 21 de maio de 2014
“A presença dos Negros no Vale
do Taquari” (Parte IV)
Assim
como em Estrela e Lajeado, sabemos que nas regiões altas do vale os negros
trabalharam informalmente nas colheitas de fumo, erva-mate e outras atividades
agrícolas e de pecuária. Uma destas pessoas faleceu a poucos anos atrás,na Sociedade
Lajeadense Amparo ao Idoso Carente - Vovolar - Lajeado, Angelina Jesus de Borba, uma
mulher negra que carregava na pele os sinais da escravidão, e que segundo
relato de pessoas que a conheceram quando ainda eram crianças em Boqueirão do
Leão, Angelina era franzina mais muito trabalhadora. Ajudava as famílias na
agricultura e nas atividades domésticas em troca por um canto para dormir,
comida e alguns pedaços de fumo para preparar e alimentar o seu vício o
palheiro (cigarro). Especula-se que tenha morrido com aproximadamente 126 anos
e sua existência foi objeto de reportagens do Jornal O Informativo e outros de
circulação estadual.
Antes de continuar
sobre a situação econômica dos negros no Vale do Taquari, devo lembrar o que
nos diz Milton de Almeida Santos no Boletim Gaúcho de Geografia no ano de 1996. “O valor do homem depende do lugar onde ele está!(p.8) (...) O fato de ser visto como negro já é
suficiente para infernizar o portador deste corpo” (p. 10). É nesta perspectiva que encontramos os registros de Erny Stahlscmidt no livro Vagando
pelo Século: crônicas, uma história que narra nesta crônica (Mergulho na Fossa)
a situação de dois negros que eram prestamistas para qualquer serviço e que
invariavelmente já estavam bêbados na metade do dia.
A referida história ocorreu nos idos dos anos
30, de lá para cá muita coisa mudou, entretanto muita coisa continua igual. São
poucos os negros nos dias atuais que conseguem superar as adversidades para
atingir níveis mais elevados de estudos. Boa parte deles precisa trabalhar para
ajudar no orçamento doméstico e estudam a noite quando eles e seus professores
estão estafados de um dia inteiro de outras atividades.
Poucos são os que
vencem estas adversidades pois a escola tradicional os aponta como incapazes de
ascender cultural ou socialmente dadas suas origens. Estou aqui para dizer o
contrário. Tenho convicção que com carinho, estimulo, respeito e reconhecimento
pelas pequenas vitórias estas pessoas negras contribuirão muito mais com o
desenvolvimento de um Vale do Taquari mais pujante para todos nós. Pois existem
exemplos de que isto é possível, por isto aqui estou.
Obrigado!
terça-feira, 20 de maio de 2014
“A presença dos Negros no Vale
do Taquari” (Parte III)
Tal situação (Lei
de Terras) fez com que os negros deste território e país ficassem
marginalizados e nestes 124 anos de suposta liberdade os negros vêm lutando
cotidianamente em busca de reconhecimento da sua condição de pessoas portadoras
de direitos que lhes garantirão igualmente as demais etnias o acesso as
condições dignas de vida.
No Vale do Taquari
também existem quilombos (locais habitados essencialmente por negros). Estes,
diferentemente dos imigrantes, buscaram localidades para se proteger das
adversidades em terras devolutas e de difícil acesso. Matutú (Fazenda Vila
Nova), Cupido (Bom Retiro do Sul), São Roque (Arroio do Meio), além destes
grupos que são, extra oficialmente reconhecidos como remanescentes quilombolas,
sabemos de outras aglomerações como na Linha Sete Léguas em Boqueirão do Leão,
as localidades denominadas Sobras em Canudos do Vale e na divisa entre Coqueiro
Baixo e Nova Bréscia.
Não podemos deixar
de registrar as ocupações urbanas como nos bairros Navegantes de Encantado e
Arroio do Meio, Oriental em Estrela, Conservas, Morro 25 e Santo Antônio em
Lajeado e um grande contingente de negros espalhados por bairros periféricos do
município Cruzeiro do Sul e tantos outros que desconhecemos.
Profissionalmente
podemos conjecturar que após realizarem várias atividades como escravos os
negros contribuíram ainda com o Vale do Taquari com mão-de-obra braçal na
abertura de estradas, como chapas no carregamento e descarregamento das
embarcações no período de transporte hidroviário como nos aponta Lothar Hessel:
Conjectura-se, com bons fundamentos, que na
primeira metade do século 19 a
população negra no Alto Taquari superasse em número a população branca; com a
colonização germânica, o grosso desta gente de sangue africano deve ter descido
com as águas do Taquari, em cujos portos, embarcações ou passos, muitos deles
ganharam a vida ou a sobrevivência após a Abolição (1888). Outros, porém,
ficaram, notando-se alguns pontos de maior concentração não só na vila como nas
divisas entre Estrela e Taquari, ao sul de Canabarro (Posses, Arroio do Pau) ou
entre Estrela e Montenegro (Descida do Morro Paris). (Hessel, 1993, p. 21)
Certamente
estas não foram as únicas atividades desenvolvidas pelo povo negro no Vale, é
preciso ter em mente que a estrada da produção – Rodovia Leonel de Moura
Brizola (BR 386) foi construída com a mão-de-obra de milhares de trabalhadores,
muitos destes da etnia negra.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
“A presença dos Negros no Vale
do Taquari” (Parte II)
Taquari é o
município mãe do Vale e seus colonizadores foram casais açorianos que tinham em
sua cultura e economia o uso do trabalho africano na condição de escravidão.
Podemos então afirmar que o nascimento do vale tem no seu DNA o sangue negro, o
que pretendo tratar um pouco mais adiante.
A Lei de Terras - Nº 601 de 18 de setembro de 1850 - estimulou os
especuladores imobiliários a primeiramente legitimar a posse das terras e
posteriormente loteá-las para vendê-las aos imigrantes italianos que era o povo
desejado pelos detentores do poder do II Império. Tantos os imigrantes
italianos como os alemães que para cá migraram fecharam-se em comunidades como
elemento de defesa por estarem distantes de seus países de origem. Esta
legitimação segundo José Alfredo Schierholt
(...) o pretendente ao latifúndio mandava um
capataz tropear alguma cabeça de gado, estabelecia alguns ranchos para peões e
escravos, comprovava por testemunhos recompensados o uso da terra e, com título
legal e com armas, expulsava os posseiros ou os agregava à tropa da peonada. O
que imperava por toda a parte era a lei do mais forte. Pelo sistema de
apossação formou-se a base do povoamento riograndense.(Schierholt, 1992, p. 22)
A lei de Terras e
as leis abolicionistas assim como a maioria das leis de nosso país, tiveram e
continuam tendo como plano de fundo a questão econômica, e esta por sua vez,
esteve e continua estando alicerçada na divisão de pessoas em camadas sociais
entre os “Homo Sapiens e Homo Faber” e, para manutenção da ordem estabelecida à
educação se fez reprodutora dos pressupostos organizacionais impostos pela
classe dominante.
O loteamento do
vale e as mudanças econômicas daquele período fizeram com que muitos negros fugidos
ou libertos buscassem abrigos em terras de difícil acesso, assim subiram as
margens do Rio Taquari e de seus afluentes em busca destes espaços, o que
permite compreender sua presença mesmo que em pequeno número nos mais variados
pontos e municípios do vale.
O Vale não é uma
ilha, embora os imigrantes que aqui se instalaram procuraram constituir este
imaginário muito em função das condições políticas de quem distante de sua
terra natal tem a possibilidade de construir um espaço de segurança para si e
para os seus. Foi em função disto que alemães e italianos se fecharam em
comunidades (evangélicas e católicas) mais que uma questão religiosa,
alicerçava este fechamento comunitário a preocupação em preservar aspectos
culturais de cada grupo étnico.
domingo, 18 de maio de 2014
“A presença dos Negros no Vale
do Taquari”
Para compreender a presença dos negros no
Vale do Taquari, partimos das palavras da professora Ivete Huppes na página 8
da apresentação do livro “O Vale do Taquari: sinais de uma identidade”
(...)O Vale ainda se encontra à espera, por exemplo,
da investigação que lhe descreva com rigor a história, a partir dos povos
indígenas que primeiro o habitaram. (Huppes, 2002)
Há muito mais
sobre o vale a conhecer e neste sentido meus estudos no curso de História - “O
Negro na Historiografia Regional: da omissão a negação” e no Mestrado –
Reconhecimento e Negritude: uma questão da educação? Situam sobre o lugar de
onde falo. Pesquisador negro morando a duas décadas em Lajeado onde se viu
provocado a estudar mais e especialmente sobre as questões da negritude em
busca de reconhecimento e dignidade não apenas para si, mas, para a maioria das
pessoas de etnia negra.
A história deve
ser interpretada a partir de seu contexto buscando compreender os fenômenos que
contribuíram para que acontecesse de uma ou outra forma. É esta compreensão que
sustenta a análise sobre a presença dos negros no Vale do Taquari.
Analisei obras
sobre Vale do Taquari e como abordavam ou omitiam a presença dos negros na
história regional. Assim comecei a compreender como se construiu o imaginário
sobre o cidadão ideal a ser projetado e estimulado a permanecer e pertencer à
cidadania regional que passo a registrar nestas linhas.
Em Monografia do Município de Taquari o autor escreve:
“Tornam-se dignos da missão de governar aqueles que
sabem tão claramente compreender a utilidade de uma estatística, como uma das
mais belas manifestações do progredir, tornando-se fiel tradutora das condições
econômicas, do estudo aprofundado do solo habitado, do desenvolvimento
intelectual, do nivelamento moral da sociedade, em dada época” (Faria, 1981, p.
19)
Buscando
disponibilizar às autoridades municipais elementos que possibilitariam definir
onde aplicar os recursos públicos estimulando o progredir de parte dos habitantes
daquele município, publicada em 1981
a obra foi escrita em 1910 poucas décadas após a
assinatura da Lei Áurea. Período em que a
dificuldade de comunicação e acesso a informação eram enormes, e como podemos
perceber em uma novela das 18 horas, os negros que trabalhavam na Marinha
revoltaram-se em função dos maus tratos e os castigos físicos que sofriam (Revolta
da Chibata) Se a Marinha que era uma autarquia governamental, não cumpria as
leis, o que imaginar sobre as ordens dos senhores de escravos nos mais variados
rincões deste país.
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