“A presença dos Negros no Vale
do Taquari”
Para compreender a presença dos negros no
Vale do Taquari, partimos das palavras da professora Ivete Huppes na página 8
da apresentação do livro “O Vale do Taquari: sinais de uma identidade”
(...)O Vale ainda se encontra à espera, por exemplo,
da investigação que lhe descreva com rigor a história, a partir dos povos
indígenas que primeiro o habitaram. (Huppes, 2002)
Há muito mais
sobre o vale a conhecer e neste sentido meus estudos no curso de História - “O
Negro na Historiografia Regional: da omissão a negação” e no Mestrado –
Reconhecimento e Negritude: uma questão da educação? Situam sobre o lugar de
onde falo. Pesquisador negro morando a duas décadas em Lajeado onde se viu
provocado a estudar mais e especialmente sobre as questões da negritude em
busca de reconhecimento e dignidade não apenas para si, mas, para a maioria das
pessoas de etnia negra.
A história deve
ser interpretada a partir de seu contexto buscando compreender os fenômenos que
contribuíram para que acontecesse de uma ou outra forma. É esta compreensão que
sustenta a análise sobre a presença dos negros no Vale do Taquari.
Analisei obras
sobre Vale do Taquari e como abordavam ou omitiam a presença dos negros na
história regional. Assim comecei a compreender como se construiu o imaginário
sobre o cidadão ideal a ser projetado e estimulado a permanecer e pertencer à
cidadania regional que passo a registrar nestas linhas.
Em Monografia do Município de Taquari o autor escreve:
“Tornam-se dignos da missão de governar aqueles que
sabem tão claramente compreender a utilidade de uma estatística, como uma das
mais belas manifestações do progredir, tornando-se fiel tradutora das condições
econômicas, do estudo aprofundado do solo habitado, do desenvolvimento
intelectual, do nivelamento moral da sociedade, em dada época” (Faria, 1981, p.
19)
Buscando
disponibilizar às autoridades municipais elementos que possibilitariam definir
onde aplicar os recursos públicos estimulando o progredir de parte dos habitantes
daquele município, publicada em 1981
a obra foi escrita em 1910 poucas décadas após a
assinatura da Lei Áurea. Período em que a
dificuldade de comunicação e acesso a informação eram enormes, e como podemos
perceber em uma novela das 18 horas, os negros que trabalhavam na Marinha
revoltaram-se em função dos maus tratos e os castigos físicos que sofriam (Revolta
da Chibata) Se a Marinha que era uma autarquia governamental, não cumpria as
leis, o que imaginar sobre as ordens dos senhores de escravos nos mais variados
rincões deste país.
Esta é uma primeira postagem sobre uma análise sobre “A presença dos Negros no Vale do Taquari” seguirão nos próximos dias mais quatro postagens de continuidade desta análise. Desejo a todos uma boa leitura e ficarei contente em receber seus comentários.
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