“A presença dos Negros no Vale
do Taquari” (Parte II)
Taquari é o
município mãe do Vale e seus colonizadores foram casais açorianos que tinham em
sua cultura e economia o uso do trabalho africano na condição de escravidão.
Podemos então afirmar que o nascimento do vale tem no seu DNA o sangue negro, o
que pretendo tratar um pouco mais adiante.
A Lei de Terras - Nº 601 de 18 de setembro de 1850 - estimulou os
especuladores imobiliários a primeiramente legitimar a posse das terras e
posteriormente loteá-las para vendê-las aos imigrantes italianos que era o povo
desejado pelos detentores do poder do II Império. Tantos os imigrantes
italianos como os alemães que para cá migraram fecharam-se em comunidades como
elemento de defesa por estarem distantes de seus países de origem. Esta
legitimação segundo José Alfredo Schierholt
(...) o pretendente ao latifúndio mandava um
capataz tropear alguma cabeça de gado, estabelecia alguns ranchos para peões e
escravos, comprovava por testemunhos recompensados o uso da terra e, com título
legal e com armas, expulsava os posseiros ou os agregava à tropa da peonada. O
que imperava por toda a parte era a lei do mais forte. Pelo sistema de
apossação formou-se a base do povoamento riograndense.(Schierholt, 1992, p. 22)
A lei de Terras e
as leis abolicionistas assim como a maioria das leis de nosso país, tiveram e
continuam tendo como plano de fundo a questão econômica, e esta por sua vez,
esteve e continua estando alicerçada na divisão de pessoas em camadas sociais
entre os “Homo Sapiens e Homo Faber” e, para manutenção da ordem estabelecida à
educação se fez reprodutora dos pressupostos organizacionais impostos pela
classe dominante.
O loteamento do
vale e as mudanças econômicas daquele período fizeram com que muitos negros fugidos
ou libertos buscassem abrigos em terras de difícil acesso, assim subiram as
margens do Rio Taquari e de seus afluentes em busca destes espaços, o que
permite compreender sua presença mesmo que em pequeno número nos mais variados
pontos e municípios do vale.
O Vale não é uma
ilha, embora os imigrantes que aqui se instalaram procuraram constituir este
imaginário muito em função das condições políticas de quem distante de sua
terra natal tem a possibilidade de construir um espaço de segurança para si e
para os seus. Foi em função disto que alemães e italianos se fecharam em
comunidades (evangélicas e católicas) mais que uma questão religiosa,
alicerçava este fechamento comunitário a preocupação em preservar aspectos
culturais de cada grupo étnico.
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