terça-feira, 20 de maio de 2014

“A presença dos Negros no Vale do Taquari” (Parte III)
Tal situação (Lei de Terras) fez com que os negros deste território e país ficassem marginalizados e nestes 124 anos de suposta liberdade os negros vêm lutando cotidianamente em busca de reconhecimento da sua condição de pessoas portadoras de direitos que lhes garantirão igualmente as demais etnias o acesso as condições dignas de vida.
No Vale do Taquari também existem quilombos (locais habitados essencialmente por negros). Estes, diferentemente dos imigrantes, buscaram localidades para se proteger das adversidades em terras devolutas e de difícil acesso. Matutú (Fazenda Vila Nova), Cupido (Bom Retiro do Sul), São Roque (Arroio do Meio), além destes grupos que são, extra oficialmente reconhecidos como remanescentes quilombolas, sabemos de outras aglomerações como na Linha Sete Léguas em Boqueirão do Leão, as localidades denominadas Sobras em Canudos do Vale e na divisa entre Coqueiro Baixo e Nova Bréscia.
Não podemos deixar de registrar as ocupações urbanas como nos bairros Navegantes de Encantado e Arroio do Meio, Oriental em Estrela, Conservas, Morro 25 e Santo Antônio em Lajeado e um grande contingente de negros espalhados por bairros periféricos do município Cruzeiro do Sul e tantos outros que desconhecemos.
Profissionalmente podemos conjecturar que após realizarem várias atividades como escravos os negros contribuíram ainda com o Vale do Taquari com mão-de-obra braçal na abertura de estradas, como chapas no carregamento e descarregamento das embarcações no período de transporte hidroviário como nos aponta Lothar Hessel:
Conjectura-se, com bons fundamentos, que na primeira metade do século 19 a população negra no Alto Taquari superasse em número a população branca; com a colonização germânica, o grosso desta gente de sangue africano deve ter descido com as águas do Taquari, em cujos portos, embarcações ou passos, muitos deles ganharam a vida ou a sobrevivência após a Abolição (1888). Outros, porém, ficaram, notando-se alguns pontos de maior concentração não só na vila como nas divisas entre Estrela e Taquari, ao sul de Canabarro (Posses, Arroio do Pau) ou entre Estrela e Montenegro (Descida do Morro Paris). (Hessel, 1993, p. 21)

 

Certamente estas não foram as únicas atividades desenvolvidas pelo povo negro no Vale, é preciso ter em mente que a estrada da produção – Rodovia Leonel de Moura Brizola (BR 386) foi construída com a mão-de-obra de milhares de trabalhadores, muitos destes da etnia negra.

 


 

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