quarta-feira, 21 de maio de 2014

“A presença dos Negros no Vale do Taquari” (Parte IV)

Assim como em Estrela e Lajeado, sabemos que nas regiões altas do vale os negros trabalharam informalmente nas colheitas de fumo, erva-mate e outras atividades agrícolas e de pecuária. Uma destas pessoas faleceu a poucos anos atrás,na Sociedade Lajeadense Amparo ao Idoso Carente - Vovolar - Lajeado, Angelina Jesus de Borba, uma mulher negra que carregava na pele os sinais da escravidão, e que segundo relato de pessoas que a conheceram quando ainda eram crianças em Boqueirão do Leão, Angelina era franzina mais muito trabalhadora. Ajudava as famílias na agricultura e nas atividades domésticas em troca por um canto para dormir, comida e alguns pedaços de fumo para preparar e alimentar o seu vício o palheiro (cigarro). Especula-se que tenha morrido com aproximadamente 126 anos e sua existência foi objeto de reportagens do Jornal O Informativo e outros de circulação estadual.

Antes de continuar sobre a situação econômica dos negros no Vale do Taquari, devo lembrar o que nos diz Milton de Almeida Santos no Boletim Gaúcho de Geografia  no ano de 1996. “O valor do homem depende do lugar onde ele está!(p.8) (...) O fato de ser visto como negro já é suficiente para infernizar o portador deste corpo” (p. 10).  É nesta perspectiva que encontramos os  registros de Erny Stahlscmidt no livro Vagando pelo Século: crônicas, uma história que narra nesta crônica (Mergulho na Fossa) a situação de dois negros que eram prestamistas para qualquer serviço e que invariavelmente já estavam bêbados na metade do dia.
 A referida história ocorreu nos idos dos anos 30, de lá para cá muita coisa mudou, entretanto muita coisa continua igual. São poucos os negros nos dias atuais que conseguem superar as adversidades para atingir níveis mais elevados de estudos. Boa parte deles precisa trabalhar para ajudar no orçamento doméstico e estudam a noite quando eles e seus professores estão estafados de um dia inteiro de outras atividades.
Poucos são os que vencem estas adversidades pois a escola tradicional os aponta como incapazes de ascender cultural ou socialmente dadas suas origens. Estou aqui para dizer o contrário. Tenho convicção que com carinho, estimulo, respeito e reconhecimento pelas pequenas vitórias estas pessoas negras contribuirão muito mais com o desenvolvimento de um Vale do Taquari mais pujante para todos nós. Pois existem exemplos de que isto é possível, por isto aqui estou.
Obrigado!



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