Ola amigos, crio este Blog para compartilhar minhas andanças; receber suas contribuições; refletir sobre assuntos gerais, especialmente as referentes a negritude.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
A Morte em perspectivas
http://www.informativo.com.br/site/noticia/visualizar/id/61611/?Estudantes-do-Ensino-Medio-produzem-livro-sobre-a-morte.htmlhttp://www.informativo.com.br/site/noticia/visualizar/id/61611/?Estudantes-do-Ensino-Medio-produzem-livro-sobre-a-morte.html
Com alunos da EEEF ÉRICO VERÍSSIMO Lajeado a satisfação e o acolhimento ao nosso trabalho.
Com alunos da EEEF ÉRICO VERÍSSIMO Lajeado a satisfação e o acolhimento ao nosso trabalho.
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Dia da Consciencia Negra de Fazenda Vilanova RS
http://www.fazendavilanova.rs.gov.br/site/noticia/visualizar/id/3647/?1o-Dia-da-Consciencia-Negra-de-Fazenda-Vilanova.html
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Matutu quer o Reconhecimento de Remanescência Quilombola
http://www.informativo.com.br/site/noticia/visualizar/id/61206/?Comunidade-de-Matutu-quer-ser-reconhecida-como-Quilombola.html
domingo, 23 de novembro de 2014
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
VISIBILIDADE LATENTE
VISIBILIDADE
LATENTE
Gilson dos
Anjos[i]
Embora
o imaginário local de cidadão ideal não contemple a etnia negra, ela esteve
presente desde a chegada dos primeiros colonizadores açorianos. Os escravos dos
casais açorianos bem como os que foram utilizados no século XIX para obtenção
dos títulos de propriedade como nos aponta os escritos do professor Schierholt
assim como os apontamentos de Lothar Hessel sobre o município de Estrela. Estas
e muitas outras evidências sobre a participação do negro aparecem marginalmente
aos escritos sobre a pujança e desenvolvimento regional sempre legada as contribuições
de nossos “irmãos” europeus. Pois este imaginário, o do cidadão ideal ainda não
se encontra aberto a presença dos diferentes embora as circunstâncias recentes
venha provocado um significativo aumento de negros senegaleses, haitianos e de
outras nacionalidades que assim como os imigrantes alemães e italianos vieram para
cá em busca de um lugar digno para si e para os seus. São tempos diferentes mas
as circunstância das migrações se assemelham, o problema é que as fronteiras
ideológicas continuam nos afastando.
A
diminuição destas distancias começam a ser edificadas por algumas ações e
políticas públicas de cunho federal e estadual que promovem a elevação dos
níveis de estudo e as condições de disputa, num cenário adverso, das populações
negras de nosso país e Estado que por efeito cascata chegam ao nosso povoado. Nos
últimos dias tive a oportunidade de me reunir com o secretário municipal de
saúde de Lajeado Sr. Glademir Schwingel e com a coordenadora de política para
as mulheres Senhora Danielle Pimentel para discutir políticas públicas de saúde
para a população negra de Lajeado. Nesta quinta-feira 20 de novembro devo me
reunir com o representante do Ministério Público Federal para discutir a
contribuição deste órgão federal no processo de reconhecimento das comunidades
remanescentes quilombolas da região.
Estes movimentos demonstram que estamos trilhando um
caminho correto ao procurar dar Visibilidade Latente sobre a forte presença e
contribuição dos negros na história local pois como conclui em minha
dissertação de mestrado em 2012: “dignidade,
protagonismo, autonomia e inclusão social não podem ser artifícios simbólicos
de uma sociedade justa”.
Feliz dia, semana e mês da CONSCIÊNCIA NEGRA e com
elas os dias vindouros com mais harmonia, reconhecimento e respeito a
Diversidade.
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
Novembro mês da Consciência Negra.
Muitas cisas acontecendo aqui no Vale do Taquari. Em breve farei novas postagens inclusive com sugestões de atividades alusivas a negritude para sala de aula.
domingo, 19 de outubro de 2014
INDIGNAÇÃO
A indignação é um fenômenos que
de vez em quando toma conta do nosso ser quando nos deparamos com situações que
embora não estejamos diretamente envolvidos, nos sentimos incomodados por nos
sentirmos impotente diante da sua constante presença no dia a dia das nossas
vidas. Nos últimos dias muitas destas situações causaram profunda indignação no
meu ser, entretanto, uma se sobressaiu. Alguns meses atrás fui convidado por
uma pessoa amiga a me candidatar ao cargo de professor em uma instituição de
ensino superior da região onde resido. Convicto de minha habilitação
profissional para desempenhar a referida função entrei no site da referida
instituição e preenchi o que deveria ser minha inscrição. Passados alguns dias
entrei em contato por telefone com o setor de RH da instituição para solicitar
em que pé estava o processo de seleção e soube que a pessoa responsável no
setor se encontrava em férias e recomendaram que enviasse um e-mail solicitando
as informações desejadas, ato continuo, encaminhei um e-mail que nunca recebeu
resposta. Passados mais alguns dias resolvi ir pessoalmente a instituição
procurando no setor de RH a pessoa responsável pelas informações do processo.
Não me recordo o nome da jovem que me atendeu, apenas do procedimento da mesmo
durante o atendimento. Abriu uma tela em seu computador e informou que de
algumas dezenas de inscritos, apenas três inscrições atenderam ao edital, que
diga-se de passagem nunca tomei conhecimento, deveria possuir o título de
doutoramento. Na época decepcionado por um processo obscuro que não me permitia
defesa voltei a casa entristecido e acomodei-me. Pois ontem, 17 de outubro a
800 quilômetros de distância de minha residência entendi o que realmente
acontecera. Ao navegar no site da referida instituição e encontrar como
professor da referida disciplina uma pessoa com a titulação de mestre, mesmo
nível de minha formação. Pensei o que teria acontecido? Nenhum dos três
professores doutores que se inscreveram quiseram assumir a disciplina e a
instituição obrigou-se a contratar um mestre. Pensando na situação me veio
outra questão a ser pensada será uma coincidência que a pessoa
contratada/nomeada, não sei a natureza do vínculo empregatício da referida
pessoa junto a esta instituição, ser genro de um ex-reitor e ex-presidente da
mantenedora desta instituição. A indignação está no fato de uma instituição
grandiosa do campo da educação permitir que coisas como esta aconteçam no seio
da comunidade que prega a moral, a ética e os bons costumes. Por fim pensei em
não denunciar tal “mau feito” entretanto creio que mesmo que o colega professor
não tenha responsabilidade no ocorrido, o mesmo aconteceu e alijou do processo
não apenas a mim, mas seguramente outros colegas professores que não tiveram em
seus currículos a qualidade, a competência de parentesco com os “donos do poder
na referida instituição. Os. Pode até que eu esteja errado em minha observação
sobre o ocorrido. Mas que não cheira bem é uma das verdades possíveis. Com a
palavra os ...
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
terça-feira, 2 de setembro de 2014
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
TICs na Escolas
Estamos em Estrela no IEEM mas precisamente no NTE nos capacitando para melhor utilização das Tecnologias da Informação nos espaços escolares, contribuindo para o melhoramento das relações de ensino aprendizagem.
terça-feira, 12 de agosto de 2014
Olá amigos(as) posto o link de minha Dissertação de Mestrado em educação pela UFRGS/2012 (Re)conhecimento e negritude : uma questão da educação?
http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/49361, nele trato sobre a luta por reconhecimento dos negros como pessoas portadoras de direitos. Aos que se interessarem pela temática desejo uma boa leitura esperando contar com suas manifestações corroborativas.
http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/49361, nele trato sobre a luta por reconhecimento dos negros como pessoas portadoras de direitos. Aos que se interessarem pela temática desejo uma boa leitura esperando contar com suas manifestações corroborativas.
terça-feira, 5 de agosto de 2014
segunda-feira, 28 de julho de 2014
quarta-feira, 23 de julho de 2014
Reflexão Eleitoral
Fiquei trinta anos filiado ao PT. Agora fazem três que milito em um movimento sem caciques, sem diretorias, mas que lidam com os "governos e desgovernos" em buscam de condições mais humanas e igualitárias para as sociedades marginais deste país. Creio que a discussão eleitoral que mais uma vez deve polarizar entre esquerda/direita é interessante, pois se trata de definir entre as possibilidades, qual está mais próxima dos nossos interesses. Tal questão, dizem, já foi mais ideológica em tempos atrás. Entretanto o que vemos no Brasil atual, é um número grande de partidos que buscam o poder, para de alguma maneira beneficiar a si e seus financiadores. Outra questão que se coloca é o fato que se há governo, há corrupção. E a história nos mostra isto! Então, devemos escolher entre corruptos e corruptores o que de alguma maneira faz menos mal ao país e as pessoas que acreditamos sejam mais necessitadas das ações governamentais. Não concordo com políticas paternalistas, não concordo com políticas de cotas. Mas em qualquer dos lados, PT/PSDB, PSOL/PP, PCdoB/PTB,... estas politicas prevalessem. É importante salientar que não concordo com muitas das práticas atuais. Mas não posso votar em seguimentos/partidos que pretendam e se tiverem a oportunidade vão vender o Brasil para favorecer as grande fortunas nacionais e internacionais.
Boa reflexão a todos.
Boa reflexão a todos.
sexta-feira, 18 de julho de 2014
Amigos(as) todos(as) peço desculpa pelos dias de ausência, mesmo que involuntários, foram muito sofridos devido ao falecimento de meu sogro, uma pessoa querida. Ainda estamos nos refazendo dos dias de internação hospitalar e da despedida. muito ainda há por fazer no acompanhamento de minha sogra e de questões antes tratadas por ele. São situações que não se resolvem a curto prazo, mas que estão sendo devidamente encaminhadas.
Entretanto quando criei este Blog, o fiz como apontado em outra postagem para que se torne um canal de bons diálogos sobre as questões da negritude. e neste quesito, existem assuntos que requerem reflexões e debates urgentes tais como: as migrações de aitianos, ganeses e pessoas de outros países africanos que buscam no Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul, melhores oportunidades de qualidade de vida e empregabilidade.
Ainda não me sinto preparado para disparar uma reflexão atenciosa e com os subsídios necessários para iniciar este debate. Ao colocá-lo na pauta o faço por entender que o mesmo não pode ficar aguardando a minha disponibilidade. Assim o tema está em pauta aguardando suas contribuições.
Entretanto quando criei este Blog, o fiz como apontado em outra postagem para que se torne um canal de bons diálogos sobre as questões da negritude. e neste quesito, existem assuntos que requerem reflexões e debates urgentes tais como: as migrações de aitianos, ganeses e pessoas de outros países africanos que buscam no Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul, melhores oportunidades de qualidade de vida e empregabilidade.
Ainda não me sinto preparado para disparar uma reflexão atenciosa e com os subsídios necessários para iniciar este debate. Ao colocá-lo na pauta o faço por entender que o mesmo não pode ficar aguardando a minha disponibilidade. Assim o tema está em pauta aguardando suas contribuições.
domingo, 29 de junho de 2014
Parabéns PALAVRAÇÕES
Ontem encerrou-se mais um grande evento organizado pelo INSTITUTO PALAVRAÇÕES, o VI Seminário Internacional de Educação, ESCOLA-MUNDO: uma relação sem fronteiras, mais um evento com grande sucesso liderados pelo Professor Irineu Lasch e por Vyvian Ceres Kontz a equipe de colaboradores motivados em tarde de jogo difícil da seleção brasileira juntamente com professoras e professores altamente satisfeitos com o trabalho do professor Aloízio Pedersen que fez valer cada segundo da tarde. Que venha o SEMINÁRIO 2015.
terça-feira, 10 de junho de 2014
domingo, 8 de junho de 2014
quarta-feira, 4 de junho de 2014
Hoje encerrou-se o Seminário Internacional organizado pela Secretaria Estadual da Educação/RS. A edição deste ano teve uma novidade que foram mais de sessenta locais em que os professores estaduais puderam acompanhar via telão as palestras dos especialistas vindos da França, Inglaterra, Canadá e alguns brasileiros. Tive a oportunidade de acompanhar desde segunda-feira a noite a fala destes especialistas sobre a juventude, mudanças curriculares, crise e mudança no ensino médio entre outros assunto. Cabe salientar que houveram oportunidades de falas locais após as palestras. Se faço referência ao evento é por ter a concepção de que a escola pública acolhe na maioria de seus estudantes a esmagadora maioria das camadas menos favorecidas da economia brasileira que por sua vez é composta hegemonicamente pela etnia negra. Das falas devo destacar a orientação para que as escolas estejam abertas para a diversidade cultural de seus estudantes, buscando fugir das padronizações que são anti democráticas e excludentes.
Certamente nem tudo ocorreu com a eficiência necessária, mas com certeza já foi um grande avanço que desacomodou muitos de nós professores. Entretanto será necessário a articulação de toda a comunidade escolar no sentido de aproveitarmos a oportunidade de propor e lutar por políticas educacionais que atendam as demandas em prol do respeito e tolerância às diferenças.
Ps. Aproveitei a oportunidade para divulgar este Blog com os colegas, esperando que o mesmo se consolide como ferramenta de apoio a atividades promotoras da cidadania negra.
Certamente nem tudo ocorreu com a eficiência necessária, mas com certeza já foi um grande avanço que desacomodou muitos de nós professores. Entretanto será necessário a articulação de toda a comunidade escolar no sentido de aproveitarmos a oportunidade de propor e lutar por políticas educacionais que atendam as demandas em prol do respeito e tolerância às diferenças.
Ps. Aproveitei a oportunidade para divulgar este Blog com os colegas, esperando que o mesmo se consolide como ferramenta de apoio a atividades promotoras da cidadania negra.
sexta-feira, 30 de maio de 2014
quinta-feira, 29 de maio de 2014
Amigos(as)
Nesta semana estou muito cansado as atividades escolares, somado a administração de um obra em casa e saúde de familiar, tenho tomado todas minhas forças. Mesmo este Blog que tem servido como estimulante a escrita não tem recebido a devida atenção. Espero recuperar logo minhas forças, mesmo sabendo que tenho pela frente mais uma semana turbulenta com muitos compromissos. Mas esta é a vida de quem ainda não desistiu da busca de uma melhor qualidade de vida nesta tão tumultuada sociedade brasileira.
Nesta semana estou muito cansado as atividades escolares, somado a administração de um obra em casa e saúde de familiar, tenho tomado todas minhas forças. Mesmo este Blog que tem servido como estimulante a escrita não tem recebido a devida atenção. Espero recuperar logo minhas forças, mesmo sabendo que tenho pela frente mais uma semana turbulenta com muitos compromissos. Mas esta é a vida de quem ainda não desistiu da busca de uma melhor qualidade de vida nesta tão tumultuada sociedade brasileira.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
domingo, 25 de maio de 2014
Canto Das Três Raças
Clara
Nunes
Ninguém
ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um
lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Negro
entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora
a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E
de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
ô,
ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô,
ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
E
ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse
canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor
sexta-feira, 23 de maio de 2014
A luta por reconhecimento exige dedicação a preparação às batalhas que a vida nos impõe. Neste momento estou em meio as minhas quarenta horas semanais distribuídas em três escolas estaduais de ensino básico (fundamental e médio) e a administração de uma obra de melhoria de minhas condições de moradia, tentando construir paralelamente um anti projeto de doutoramento. Alguns de vocês devem estar imaginando que não estou levando a sério nenhuma das minhas atividades e objetivos atuais. e lhes digo que levo muito a sério todas elas, pois fazem parte do meu mundo cotidiano, ou seja, dar conta das atividades profissionais, necessidades familiares e buscar a qualificação para novos níveis de enfrentamento(não é um game, entretanto se assemelha na perspectiva de que devemos vencer as etapas darwinianas para "evoluir" no contexto das disputas que se estabelecem no campo da educação e da vida em geral. Compartilho este sentimento que sei não ser exclusivo como forma de encontrar apoio e estimulo a esta caminhada.
quarta-feira, 21 de maio de 2014
“A presença dos Negros no Vale
do Taquari” (Parte IV)
Assim
como em Estrela e Lajeado, sabemos que nas regiões altas do vale os negros
trabalharam informalmente nas colheitas de fumo, erva-mate e outras atividades
agrícolas e de pecuária. Uma destas pessoas faleceu a poucos anos atrás,na Sociedade
Lajeadense Amparo ao Idoso Carente - Vovolar - Lajeado, Angelina Jesus de Borba, uma
mulher negra que carregava na pele os sinais da escravidão, e que segundo
relato de pessoas que a conheceram quando ainda eram crianças em Boqueirão do
Leão, Angelina era franzina mais muito trabalhadora. Ajudava as famílias na
agricultura e nas atividades domésticas em troca por um canto para dormir,
comida e alguns pedaços de fumo para preparar e alimentar o seu vício o
palheiro (cigarro). Especula-se que tenha morrido com aproximadamente 126 anos
e sua existência foi objeto de reportagens do Jornal O Informativo e outros de
circulação estadual.
Antes de continuar
sobre a situação econômica dos negros no Vale do Taquari, devo lembrar o que
nos diz Milton de Almeida Santos no Boletim Gaúcho de Geografia no ano de 1996. “O valor do homem depende do lugar onde ele está!(p.8) (...) O fato de ser visto como negro já é
suficiente para infernizar o portador deste corpo” (p. 10). É nesta perspectiva que encontramos os registros de Erny Stahlscmidt no livro Vagando
pelo Século: crônicas, uma história que narra nesta crônica (Mergulho na Fossa)
a situação de dois negros que eram prestamistas para qualquer serviço e que
invariavelmente já estavam bêbados na metade do dia.
A referida história ocorreu nos idos dos anos
30, de lá para cá muita coisa mudou, entretanto muita coisa continua igual. São
poucos os negros nos dias atuais que conseguem superar as adversidades para
atingir níveis mais elevados de estudos. Boa parte deles precisa trabalhar para
ajudar no orçamento doméstico e estudam a noite quando eles e seus professores
estão estafados de um dia inteiro de outras atividades.
Poucos são os que
vencem estas adversidades pois a escola tradicional os aponta como incapazes de
ascender cultural ou socialmente dadas suas origens. Estou aqui para dizer o
contrário. Tenho convicção que com carinho, estimulo, respeito e reconhecimento
pelas pequenas vitórias estas pessoas negras contribuirão muito mais com o
desenvolvimento de um Vale do Taquari mais pujante para todos nós. Pois existem
exemplos de que isto é possível, por isto aqui estou.
Obrigado!
terça-feira, 20 de maio de 2014
“A presença dos Negros no Vale
do Taquari” (Parte III)
Tal situação (Lei
de Terras) fez com que os negros deste território e país ficassem
marginalizados e nestes 124 anos de suposta liberdade os negros vêm lutando
cotidianamente em busca de reconhecimento da sua condição de pessoas portadoras
de direitos que lhes garantirão igualmente as demais etnias o acesso as
condições dignas de vida.
No Vale do Taquari
também existem quilombos (locais habitados essencialmente por negros). Estes,
diferentemente dos imigrantes, buscaram localidades para se proteger das
adversidades em terras devolutas e de difícil acesso. Matutú (Fazenda Vila
Nova), Cupido (Bom Retiro do Sul), São Roque (Arroio do Meio), além destes
grupos que são, extra oficialmente reconhecidos como remanescentes quilombolas,
sabemos de outras aglomerações como na Linha Sete Léguas em Boqueirão do Leão,
as localidades denominadas Sobras em Canudos do Vale e na divisa entre Coqueiro
Baixo e Nova Bréscia.
Não podemos deixar
de registrar as ocupações urbanas como nos bairros Navegantes de Encantado e
Arroio do Meio, Oriental em Estrela, Conservas, Morro 25 e Santo Antônio em
Lajeado e um grande contingente de negros espalhados por bairros periféricos do
município Cruzeiro do Sul e tantos outros que desconhecemos.
Profissionalmente
podemos conjecturar que após realizarem várias atividades como escravos os
negros contribuíram ainda com o Vale do Taquari com mão-de-obra braçal na
abertura de estradas, como chapas no carregamento e descarregamento das
embarcações no período de transporte hidroviário como nos aponta Lothar Hessel:
Conjectura-se, com bons fundamentos, que na
primeira metade do século 19 a
população negra no Alto Taquari superasse em número a população branca; com a
colonização germânica, o grosso desta gente de sangue africano deve ter descido
com as águas do Taquari, em cujos portos, embarcações ou passos, muitos deles
ganharam a vida ou a sobrevivência após a Abolição (1888). Outros, porém,
ficaram, notando-se alguns pontos de maior concentração não só na vila como nas
divisas entre Estrela e Taquari, ao sul de Canabarro (Posses, Arroio do Pau) ou
entre Estrela e Montenegro (Descida do Morro Paris). (Hessel, 1993, p. 21)
Certamente
estas não foram as únicas atividades desenvolvidas pelo povo negro no Vale, é
preciso ter em mente que a estrada da produção – Rodovia Leonel de Moura
Brizola (BR 386) foi construída com a mão-de-obra de milhares de trabalhadores,
muitos destes da etnia negra.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
“A presença dos Negros no Vale
do Taquari” (Parte II)
Taquari é o
município mãe do Vale e seus colonizadores foram casais açorianos que tinham em
sua cultura e economia o uso do trabalho africano na condição de escravidão.
Podemos então afirmar que o nascimento do vale tem no seu DNA o sangue negro, o
que pretendo tratar um pouco mais adiante.
A Lei de Terras - Nº 601 de 18 de setembro de 1850 - estimulou os
especuladores imobiliários a primeiramente legitimar a posse das terras e
posteriormente loteá-las para vendê-las aos imigrantes italianos que era o povo
desejado pelos detentores do poder do II Império. Tantos os imigrantes
italianos como os alemães que para cá migraram fecharam-se em comunidades como
elemento de defesa por estarem distantes de seus países de origem. Esta
legitimação segundo José Alfredo Schierholt
(...) o pretendente ao latifúndio mandava um
capataz tropear alguma cabeça de gado, estabelecia alguns ranchos para peões e
escravos, comprovava por testemunhos recompensados o uso da terra e, com título
legal e com armas, expulsava os posseiros ou os agregava à tropa da peonada. O
que imperava por toda a parte era a lei do mais forte. Pelo sistema de
apossação formou-se a base do povoamento riograndense.(Schierholt, 1992, p. 22)
A lei de Terras e
as leis abolicionistas assim como a maioria das leis de nosso país, tiveram e
continuam tendo como plano de fundo a questão econômica, e esta por sua vez,
esteve e continua estando alicerçada na divisão de pessoas em camadas sociais
entre os “Homo Sapiens e Homo Faber” e, para manutenção da ordem estabelecida à
educação se fez reprodutora dos pressupostos organizacionais impostos pela
classe dominante.
O loteamento do
vale e as mudanças econômicas daquele período fizeram com que muitos negros fugidos
ou libertos buscassem abrigos em terras de difícil acesso, assim subiram as
margens do Rio Taquari e de seus afluentes em busca destes espaços, o que
permite compreender sua presença mesmo que em pequeno número nos mais variados
pontos e municípios do vale.
O Vale não é uma
ilha, embora os imigrantes que aqui se instalaram procuraram constituir este
imaginário muito em função das condições políticas de quem distante de sua
terra natal tem a possibilidade de construir um espaço de segurança para si e
para os seus. Foi em função disto que alemães e italianos se fecharam em
comunidades (evangélicas e católicas) mais que uma questão religiosa,
alicerçava este fechamento comunitário a preocupação em preservar aspectos
culturais de cada grupo étnico.
domingo, 18 de maio de 2014
“A presença dos Negros no Vale
do Taquari”
Para compreender a presença dos negros no
Vale do Taquari, partimos das palavras da professora Ivete Huppes na página 8
da apresentação do livro “O Vale do Taquari: sinais de uma identidade”
(...)O Vale ainda se encontra à espera, por exemplo,
da investigação que lhe descreva com rigor a história, a partir dos povos
indígenas que primeiro o habitaram. (Huppes, 2002)
Há muito mais
sobre o vale a conhecer e neste sentido meus estudos no curso de História - “O
Negro na Historiografia Regional: da omissão a negação” e no Mestrado –
Reconhecimento e Negritude: uma questão da educação? Situam sobre o lugar de
onde falo. Pesquisador negro morando a duas décadas em Lajeado onde se viu
provocado a estudar mais e especialmente sobre as questões da negritude em
busca de reconhecimento e dignidade não apenas para si, mas, para a maioria das
pessoas de etnia negra.
A história deve
ser interpretada a partir de seu contexto buscando compreender os fenômenos que
contribuíram para que acontecesse de uma ou outra forma. É esta compreensão que
sustenta a análise sobre a presença dos negros no Vale do Taquari.
Analisei obras
sobre Vale do Taquari e como abordavam ou omitiam a presença dos negros na
história regional. Assim comecei a compreender como se construiu o imaginário
sobre o cidadão ideal a ser projetado e estimulado a permanecer e pertencer à
cidadania regional que passo a registrar nestas linhas.
Em Monografia do Município de Taquari o autor escreve:
“Tornam-se dignos da missão de governar aqueles que
sabem tão claramente compreender a utilidade de uma estatística, como uma das
mais belas manifestações do progredir, tornando-se fiel tradutora das condições
econômicas, do estudo aprofundado do solo habitado, do desenvolvimento
intelectual, do nivelamento moral da sociedade, em dada época” (Faria, 1981, p.
19)
Buscando
disponibilizar às autoridades municipais elementos que possibilitariam definir
onde aplicar os recursos públicos estimulando o progredir de parte dos habitantes
daquele município, publicada em 1981
a obra foi escrita em 1910 poucas décadas após a
assinatura da Lei Áurea. Período em que a
dificuldade de comunicação e acesso a informação eram enormes, e como podemos
perceber em uma novela das 18 horas, os negros que trabalhavam na Marinha
revoltaram-se em função dos maus tratos e os castigos físicos que sofriam (Revolta
da Chibata) Se a Marinha que era uma autarquia governamental, não cumpria as
leis, o que imaginar sobre as ordens dos senhores de escravos nos mais variados
rincões deste país.
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